quarta-feira, junho 23, 2010

Corrupção, indignação e a hora de se mexer

Sumi de novo. É impressão minha ou sumir tem se tornado uma constante na vida da maioria das pessoas? Tenho a sensação de que estamos sendo quase sufocados com a quantidade de coisas para fazer que os encontros simples estão cada vez mais raros.
Resolvi escrever para compartilhar uma indignação. Estamos comprando uma casa, vontade de ter mais espaço e se sentir menos amontoado.
Escolhemos uma casinha gostosa, mas estava com a regularização da metragem fora de ordem. Como estamos comprando, quem tem que regularizar isso seria o vendedor, certo?
Não, no Brasil o que vale é a lei do jeitinho.
Como não concordamos em ir por caminhos estranhos dentro da prefeitura, o negócio está sendo desfeito. Eu nunca tinha tido contato com a corrupção assim, de forma descarada. O intermediador do negócio sugeriu este "jeitinho"de forma tão convincente que a maioria das pessoas simplesmente descolaria a grana e pagaria, sem pensar muito nas consequencias de um ato de corrupção indireto.
Eu, como bom mineiro desconfiado, questionei. A lógica do todo-mundo-faz não colou conosco.
Tenho a convicção que muito coisa que me desagrada no Brasil é reflexo destes pequenos atos, aceitos por grande parte das pessoas, principalmente pela classe média.
Incomoda e é triste dizer, mas grande parte das pessoas com quem convivo aceitaria este caminho mais fácil. Não estou julgando, mas refletindo porque nossos valores morais são tão rasos e frágeis.
Todo mundo se indigna com os políticos corruptos (eu também sou indignado), mas esta cultura do clientelismo está no nosso dia a dia, não em Brasília.
Quem tem que lidar com o poder público de forma mais direta e constante, quase inevitavelmente se rende a algum desvio como este. Por necessidade ou comodismo, nós somos os maiores responsáveis pela burocracia eterna, pelo tráfico de influências, pela corrupção, pelo sucateamento dos serviços públicos, pela miséria, pela violência etc.
Não estou curtindo mais me esquivar desta responsabilidade e jogar para os outros a responsabilidade por algo que é nosso, não dos nossos vizinhos somente.
Esta é mais uma reflexão. Tenho compartilhado esta indignação com diversos amigos que, para mina=ha surpresa, pensam mais ou menos da mesma maneira que eu.
Estou planejando algo legal, para canalizar este desejo de mudar esta eterna cultura de apatia com o próximo que não deixa nosso país dar o próximo passo.
Logo, logo compartilho isso por aqui.
Inté!