quarta-feira, março 28, 2007

Um suporte para a arrogância!

Se existe um coisa que me incomoda bastante é a falta de interesse pela vida alheia. Odeio ficar comparando o Brasil com outros países, mas o fato é que brasileiro simplesmente nunca aprendeu a respeitar o seu próximo.

Apesar de toda "papagaidada" que fomos obrigados a ouvir na escola (aulas de Moral e Cívica) ou nas igrejas, parece que o princípio básico de respeito ao próximo nunca entrou em nossas cabeças.

Ontem estava indo embora e percebi que a placa da frente do meu carro estava completamente moída. O motivo: um suporte para carrocerias que o meu compatriota do carro estacionado em frente usou para "arrumar mais espaço" na vaga já apertada na rua.

É claro que minha raiva, por alguns momentos, foi maior que minha decepção. Mas depois, a decepção se tornou um pouco maior.

Este é apenas um exemplo que explica muitos de nossos problemas. Temos o péssimo hábito, principalmente entre os meus companheiros de classe média emergente (rsrsrs), de culpar o governo, o vizinho ou o colega de trabalho por diversas situações. Mas esquecemos que, muitas vezes, pequenas atitudes arrogantes nossas, só contribuem para piorar nosso País, nossa cidade, nosso bairro, nossa casa.

Cortar fila, tirar carteirinha de estudante mesmo depois de já ter se formado, "construir" uma terceira faixa no trânsito, ignorar o buraco em frente nossa garagem, enfim, fugir da responsabilidade, tornou-se comum entre nós, elite branca de uma sociedade massacrada.

Coloco a culpa em nós sim, porque somente com a mudança de atitude da classe média poderemos pensar em fazer algo diferente.

Enfim, não aguento mais Big Brother, não suporto só conversar sobre seriados gringos, sinto falta de cultura brasileira nas rodinhas, odeio shoppings, quero seres pensantes ao meu redor.
Desabafei mais uma vez!

Inté!

sexta-feira, março 02, 2007

Um instante pra cada um

Sempre achei muito interessante os diferentes rumos de nosso olhar quando estamos "ensardinhados" em um carro ou dentro de um ônibus ou enterrados no metrô ou respirando a pé ou chacolhando no trem ou trotando na carroça.


Perceber o valor do instante que cada meio de transporte nos oferece acaba se tornando um prazer. Ultimamente tenho andado bastante de ônibus e trem aqui em Monstrópolis.

Parece loucura, mas aprendi a gostar e saborear cada viagem. Além de ser um exercício para paciência, é um ótimo momento para se entender um pouco da dinâmica da cidade.


Quando estou no carro, tudo passa muito rápido por minha janela. Não dá tempo para entender os momentos. Fico apreensivo, com medo de quem se aproxima e com vontade de pular fora logo. No ônibus não. Tenho que esperar a parada em cada ponto e cruzar olhares com os mais diversos tipos de pessoas.


É uma convivência harmônica que reúne estranhos dentro de uma mesma situação. Ali, não importa se você está de gravata, chinelo ou pelado. Estamos todos indo, e temos que dividir aquele espaço.


Às vezes imagino como as cidades seriam melhores se em algum momento do dia as pessoas se tornassem iguais. Esta situação, de alguma forma, permitiria que aquela pitada de humildade, essencial para o crescimento do indíviduo, acontecesse naturalmente.´


É claro que existem os momentos para lá de estressantes (como esperar meia hora em plena sexta-feira à noite, um ônibus que parece ter saído de um atentado terrorista !), mas o bate-papo com uma senhora indo "passear" de ônibus vale a semana!


Para não perder o costume, lá vai mais uma indicação de filme: Babel.

Uma película fascinante, que traduz um momento sem certezas como o que vivemos! (será que sempre foi assim ou eu estou sentindo isso agora?)



Bebam Bruna Beber (poeta fascinante autora de "a fila sem fim dos demônios descontentes")



"Av.


calem-se buzinas
e pessoas com problemas
que problema todo mundo tem
prefiro não sabê-los
prefiro não saber do que sempre reclamam
os automóveis."



Inté!

sábado, fevereiro 03, 2007

ECOCHATO X MACBURRO - a batalha final

Compro o jornal de hoje e passo o olho nas revistas e outros jornais da banca. Parece que a notícia é única. A imprensa resolveu dar as mãos e descobrir o que todo mundo já sabia: "Estamos acabando com nosso planeta!".
Precisou a tragédia começar para finalmente os governos entenderem que o sol está queimando mais e o mundo está "derretendo"! Até Bush ficou comovido.
Mas será que a avalanche de notícias, estudos, números, gráficos (a la Folha de São Paulo , rsrsrs), palestras, documentários etc valerão alguma coisa?

Será que o mais importante não é nossa atitude em relação ao fato?
Como tratar de aquecimento global sem pensar que temos que consumir menos, muito menos?

Semana passada meu pai, fiel defensor dos yankees, dizia que os Estados Unidos sabem o que estão fazendo. Tive que discordar com todas as minhas forças e partir para mais uma discussão com Sr. Antônio. O modelo de consumo americano, que infelizmente estamos copiando de modo piorado, é o mais burro e mesquinho que pode existir. Não estou dizendo que devemos parar de consumir e ir rumo ao socialismo, nada disso.

Apesar de eu ainda sonhar com um modelo capitalista meio socialista, minha maior preocupação é com o modo como todos nós (estou me incluindo na crítica) lidamos com o que compramos.

A gente gasta muito papel, muita energia, muito combustível, muito tudo. Dá desespero de olhar para meu lixo, um solteiro que mora sozinho e não cozinha em casa, e imaginar quanto recurso natural está lá.

Isto está me intrigando!

A pulga continua picando minha orelha quando me deparo com amigos, colegas e simpatizantes (esta é para aqueles que não me olham nos olhos!) que acham que o discurso em prol da natureza, ou seja, da Terra, é baboseira de um "ecochato"! Como assim?
Posso estar me tornando o ECOCHATO, mas não me tornei um MAC BURRO!

Vejam algumas dicas legais do GreenPeace:
http://www.greenpeace.org.br/greendicas/greendicas.php

Eu já estou usando ônibus três vezes por semana. Espero aumentar a frequência! Depois escrevo sobre os prazeres em andar de ônibus ou a pé em São Paulo. Verdade, é gostoso!

Inté!

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Assunto moderno

Hoje fui levar meu querido avô ao médico. No caminho, o trânsito paulistano incomodou mais que o normal. Muitas vezes, a correria do dia-a-dia faz com que a gente esqueça de olhar para o lado e ver o caos que se tornou a metrópole de todos os povos.
Meu avô, acostumado com a tranquilidade da pacata Poços de Caldas, assusta-se muito com a imensidão, a euforia e desumanização de São Paulo. Está sempre de malas prontas para partir o mais rápido possível do turbilhão.
Tento em vão convencê-lo de que existe um lado bom viver aqui. Não acho que ele me leva em conta! Na verdade, nem eu acredito no que falo.
São Paulo reflete descaradamente a realidade de um País que luta para sair da miséria. Uma miséria intrigante, recheada de contradições.
Enquanto sua grande maioria luta para poder ser aceita no mundo "normal", engravatados e empetecadas desfilam seu último modelito(de carro e roupa) nas avenidas esburacadas. O assunto que pauta as conversas está longe de ser uma alternativa para o caos. Isso é problema de Brasília.
O que vale mesmo é saber qual o último modelo da Audi que acaba de ser lançado na Alemanha ou como fazer para comprar um Iphone sem pagar impostos (afinal, todos temos que ser éticos!).
Claro que existem exceções, mas muitas vezes essa necessidade de ser super-hiper-mega informado me incomoda.
Enfim, mais um desabafo!
Vejam a matéria da Carta Capital sobre o buracão!
http://www.cartacapital.com.br/edicoes/2007/01/428/autofagia-a-paulista
Outra coisa, assistam ao filme C.R.A.Z.Y nas raras salas de cinema de verdade no Brasil.

Abraços.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Tô desvirado, depois da virada!

Tô desvirado, depois da virada!

Virei o ano e o carro. Susto imenso que me fez refletir sobre um bocado de coisas. Parece que quando se passa por um susto como este e vê a morte do ladinho, a gente passa a valorizar o que realmente importa nesta vida. Disse eu: "Que se danem nossas preocupações banais com política, futebol, trânsito e tudo mais!"

Foi assim por um tempinho, mas depois de voltar para a rotina de Monstrópolia, percebi que a "filhadaputagem" destes caras que estão governando nosso país tem uma grande parcela de culpa no acontecido.

A rodovia Régis Bittencourt é uma vitrine do descaso das autoridades, da falta de capacidade mobilizadora dos cidadãos, do desinteresse em integrar as regiões sul e sudeste, uma vergonha.
Nosso país parou décadas atrás. Pensamos em nos desenvolver, mas o orgulho e a prepotência de nossa elite e de nossa classe média não permitiram, e continuam atolando nosso país ainda mais na miséria.

De quem é a culpa? É minha, é sua e de todo mundo que se diz muito bem informado e continua vangloriando os mesmos filhos da puta de sempre. Os mesmos babacas que estão cavando a cova de uma país que , no lugar de um enterro, deveria estar assistindo aniversários e comemorações de êxito.

Salve, salve a miséria!