terça-feira, fevereiro 02, 2010

Mídias sociais: amigas ou vilãs?

Geralmente deixo este espaço para dividir opiniões e acontecimentos pessoais, mas hoje resolvi avançar meus dedinhos para um assunto profissional.

Tenho tido a oportunidade de ler muito sobre comunicação, mas desta vez sem o olhar viciado que costumamos ter quando estamos em uma corporação ou agência.

Algumas questões têm me intrigado bastante quando vejo que 9 de cada 10 posts ou tweets sobre inovação ou estratégia de comunicação tratam do “fenômeno” das mídias sociais.

Todos os “experts” em comunicação bradam aos ventos que estamos vivendo um momento ímpar na comunicação e que praticamente todas as práticas “tradicionais” já estão defasadas e morrerão no próximo raiar do sol.

Bom, não sou um crítico das novas tecnologias (tenho perfis e um blog) e reconheço a mudança no mercado de comunicação. Entretanto, costumo jogar baldes de água fria quando estou em bate papos que caminham em uma única direção, colocando em um altar as mídias sociais, sem levar em consideração os espinhos deste novo momento.

Sei que praticamente todos os meus amigos possuem um perfil no Facebook, no Orkut e no Twitter (até meu pai me deu uma bronca pelo Facebook outro dia), porém meu questionamento vai pela diagonal e trata do conteúdo que estamos compartilhando, lendo e replicando. Existe realmente a tal liberdade de expressão tão esperada e criada pela Internet? Esta obesidade de informação está deixando espaço para nos tornarmos mais críticos e evoluir em pontos que realmente farão diferença no mundo?
Está havendo a democratização de opiniões de fato ou estamos falando com pessoas que pensam da mesma forma que nós, sem dar espaço para o debate produtivo e construtivo?

Quando vejo que a maioria dos conteúdos replicados se restringe a comentários sobre o último paredão do BBB ou um “vídeo sensacional” com uma travesti sendo discriminada, começo a ter dúvidas sobre o “milagre” das redes sociais e sua capacidade de dar voz além dos “tradicionais” meios de comunicação.

Outro fato que me intriga é a proibição de acesso às redes sociais dentro das corporações. Em um artigo recente publicado pela The Economist e analisado por Cristina Mello no Nós da Comunicação, percebe-se que ainda não utilizamos as mídias sociais em prol de nossas atividades. As empresas ainda não permitem o acesso e não estão confortáveis em liberar seus funcionários para twittar, blogar ou acompanhar o Facebook enquanto exercem suas atividades profissionais.

As razões sobre a proibição tratam da segurança da informação e também da produtividade. Um dilema que tem sido colocado embaixo do tapete pelos gestores, mas precisa urgentemente de definições. Sugestões sobre como lidar com esta questão no mundo corporativo têm surgido, como a criacão de políticas de uso de redes sociais dentro das corporações, mas sinto que o passo está lento demais para acompanhar a invasão dos smartphones e a necessidade que todos temos de estar conectados 24 horas por dia.

O fato é que, na minha percepção, o assunto vai além de apenas liberar o uso no horário de expediente. A utilização das mídias sociais com livre expressão dentro das empresas passa por outros campos, muita vezes minados, que poderão mostrar que o selo de “Melhor Empresa para se Trabalhar” pode ter sido a opinião de alguns, revelando lacunas nas políticas de gestão de pessoas. Talvez, antes de abrir a caixa de Pandora nas redes sociais, precisamos rever o discurso e a prática na gestão de pessoas. E, antes de tudo, entender como estas redes podem agregar e não segregar.

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